segunda-feira, 27 de junho de 2011

Encontro da Canção Infantil Latino-americana e Caribenha

Entre os dias 21 e 30 de outubro de 2011, Ribeirão Preto/SP sediará o 10º Encontro da Canção Infantil Latino-americana e Caribenha. De acesso livre a todos os interessados, o encontro discutirá as relações entre a criação e a difusão da canção infantil, além de fortalecer os laços subjetivos que unem todos os que, de uma maneira ou de outra, vêem na Educação Musical uma ferramenta de inclusão e de desenvolvimento social.
Maiores informações podem ser obtidas através do Blog:
http://decimoencontro.blogspot.com/p/movimentomovimiento.html




terça-feira, 21 de junho de 2011

O PAPEL DA EDUCAÇÃO MUSICAL NA MELHORIA DO AMBIENTE SONORO


            Há, na atualidade, um desafio não declarado, mas perceptível e quase que palpável, exigindo que a sociedade como um todo tome uma posição quanto a relação entre o ser humano e seu ambiente sonoro. É preciso haver uma reeducação na maneira de produzir dos cidadãos, para que as cidades não se tornem inabitáveis por conta de seus caos sonoros. A aceleração da vida urbana tem promovido verdadeiros despropósitos entre o que se pode ouvir e o que é produzido, em medidas de decibéis, sem que haja danos aos nossos ouvidos. Vivemos imersos em uma cacofonia sonora de tamanha intensidade e com tanta constância que já não são admitidos o reverso da medalha; o silêncio ou a paisagem sonora menos densa, mais rarefeita, mais salutar e harmoniosa. A ansiedade com que nos atiramos ao trabalho acelerado do dia-a-dia vai deixando nossos sentidos dormentes e vamos aos poucos, perdendo a capacidade de perceber as pequenas vibrações sonoras que nos esbarram. E, assim como se dá com as drogas, precisando de maiores quantidades de sons para que os percebamos e, conseqüentemente, tornamo-nos insensíveis às movimentações dos sons naturais e de baixa intensidade. Os ouvidos estão ficando ocos.
            Ao procurar disciplinar um aluno para que ele se torne um ouvinte consciente, a Educação Musical exerce uma de suas funções mais primordiais e que tem embasado pensadores e educadores de peso tais com Murray Schafer e Carl Orff dentre outros, que privilegiam o ato de ouvir como forma primordial do aprendizado. Mas para ouvir é preciso que se faça o silêncio. Ao estimular a repetição e a imitação dos sons ambientais, a Educação Musical está propondo uma reflexão que às vezes passa despercebida e que diz respeito à qualidade e à fonte sonora do que se é produzido, reproduzido ou imitado. Se passarmos a selecionar as matrizes sonoras as quais reproduzimos, teremos uma porcentagem muito grande de sons artificiais, portanto produzidos pelo homem ou por seus aparelhos e que compões uma paisagem sonora Low-Fi, em detrimento aos sons naturais que nos dão as paisagens Hi-Fi.
            A busca pelo equilíbrio das sensações humanas que caracteriza a Educação Musical, pode perfeitamente agir como ferramenta de apoio na obtenção de uma melhoria na qualidade dos ambientes sonoros na medida em que se educa os produtores das fontes sonoras de caráter Low-Fi que são os seres humanos. Essa tendência de produzir ruídos cada vez mais altos que passou a incorporar o cotidiano dos seres humanos a partir da Revolução Industrial, veio numa curva crescente e desenfreada até atingir os níveis atuais e hoje, essa massa sonora que nos envolve tornou-se parte das nossas atividades, privando-nos dos harmoniosos sons naturais. Para reverter tal situação faz-se necessário uma reeducação na forma de se ouvir e de relacionar com o ambiente sonoro cotidiano. As matrizes das fontes sonoras naturais que são pouco percebidas na atualidade precisam ser redescobertas e reincorporadas ao nosso cotidiano através da Educação Musical aplicada aos adolescentes que serão, em pouco tempo, os agentes produtores da massa sonora em seus ambientes de atuação. Se devidamente educados, eles continuarão a ser produtores sonoros, porém de qualidade Hi-Fi.
            Nos atuais parâmetros em que se encontram os níveis de poluição sonora, principalmente nas grandes cidades, a adoção da Educação Musical como forma educativa confiável é o meio mais rápido de disseminar a cultura do ouvido consciente a favor elevação dos padrões qualitativos dos ambientes sonoros urbanos.

                  



 Imagem: http://www.e-socrates.org/course/view.php?id=574


Fonte:
Material Didático da Disciplina “Tópicos em Educação, Cultura e Sociedade I”  do Curso de Educação Musical da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar)