Acreditar que a formação do ser humano é uma tarefa árdua, mas possível,
traduz o pensamento da maioria dos educadores que conhecemos. Em sua maioria,
eles buscam definir as estratégias e caminhos para que a educação seja
efetivada em todos os níveis apesar das diferenças e das oportunidades. Vivemos
atualmente os tempos das urgências, todo o processo de relacionamento e
convivência se dá no âmbito frenético das mídias eletrônicas e, por
consequência, há um esfriamento das relações interpessoais, não temos mais o
calor da conversa presencial e essa questão tem transformado os ambientes onde
os humanos são obrigados a conviver.
A escola é um desses ambientes onde os diversos escalões de uma
sociedade organizada estão representados. O conjunto todo é um pequeno nicho
social formalmente instituído e tem, dentre seus participantes, aqueles que
devem ser tutelados pelo comando maior, as crianças e os adolescentes. As salas
de aula são como pequenas cidades cujo prefeito é o professor. Partindo dessa
analogia, podemos supor que os alunos são os cidadãos atuantes desse pequeno
município e que cabe aos governantes (professores), propiciar-lhes um meio
seguro para o crescimento.
Nesse contexto acima exemplificado, o professor precisa estar preparado
para lidar com as diferenças já que seus alunos, assim como os munícipes de uma
cidade, vêm de formações e classes diferentes, têm reações e percepções
diferentes e, que no entanto, precisam
ser colocados diante de uma mesma metodologia de ensino onde as diferenças não
são consideradas no que diz respeito à aplicação dos conteúdos. A sala de aula
me tem proporcionado, como estagiário, a oportunidade de refletir sobre as
diferenças gritantes entre o que se estabelece como conteúdo a ser ministrado e
o que realmente faz parte do conjunto de conhecimentos necessários para que
jovens e adolescentes adquiram fundamentos para atuarem na sociedade com
capacidade e discernimento.
Na busca pela lapidação do intelecto, raramente se dá a devida atenção
ao lado emocional das relações humanas. Procura-se formar o indivíduo para a
competição anulando, ou buscando-se anular a sensibilidade, o respeito às
diferenças, a tolerância ao erro, a valorização do belo, dos sentimentos e da
afeição. Por outro lado, há de se pensar no papel do professor em todo esse
processo. Abandonado que está à própria sorte, ele tem sido o fiel da balança
mesmo sem ter formação para tal. É de suas mãos que saem os doutores, juízes,
advogados, ministros, outros professores, etc. e, no entanto, continuam a
mendigar maiores considerações e mais respaldo para continuarem nessa árdua
tarefa de formar cidadãos dignos.
O texto de Müller
e Martineli (2005, p. 21, 22), “O
Estatuto da Criança e do Adolescente:
um instrumento legal do professor de educação física”, é
extremamente feliz quando afirma que precisamos de mais suavidade, de ternura,
de bom humor, de fraternidade. Não há como discordar; nas salas de aula eu,
como estagiário, tenho presenciado essas diversas facetas anunciadas pelo
texto. Falta paciência e preparo em quem ensina, faltam respeito e carinho
naquele que pretende aprender. Nessa pequena maquete da sociedade que é a sala
de aula, todos têm deveres a serem cumpridos para que ela funcione de forma
justa e, para isso, é preciso que dê mérito ao que merece e que se governe as
escolas com menos pressa e mais carinho já que se está trabalhando na formação
de jovens e adolescentes para que eles nos governem num futuro bem próximo.
REFERÊNCIAS:
MÜLLER,
Verônica Regina, MARTINELI, Telma A. Pacífico, “O estatuto da Criança e do Adolescente: Um Instrumento Legal do
Professor de Educação Física” (2005, p. 21, 22)