quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sons & Silêncios



Por todos os dias sofremos a saturação cotidiana dos sons urbanos. Os oásis de silêncio estão cada vez mais escassos e nossos ouvidos estão ficando insensíveis aos sons naturais. Toda essa massa sonora é decorrente de nosso próprio anseio de modernidade que vai aos poucos tornando nossa sensibilidade mais artificial e fria. Se nos colocarmos em um cruzamento de ruas movimentadas de uma grande cidade, vamos perceber muito pouco do som original daquele ambiente e os motivos são simples; ou eles não possuem intensidade para se fazerem perceptíveis ou simplesmente não existem mais. Se a segunda alternativa se confirmar, estamos aos poucos ficando órfãos de nossa matriz sonora e, já que não suportamos o silêncio, estamos produzindo freneticamente os sons artificiais para nos suprir de barulho.
Não se pode mais ouvir os sons naturais. O ruído caótico produzido pelo ser humano contemporâneo é reflexo de sua angustiante desarmonia. O desequilíbrio que se constata na degradação das relações entre o ser humano e seu entorno tem como produto final a falta do silêncio.
Como músicos e, principalmente como educadores musicais, temos que desempenhar a tarefa de reapresentar aos nossos alunos, o silêncio. Não o silêncio correspondente à pausa musical como diz o texto da disciplina, mas o silêncio que, como um matiz, é um dos componentes principais da paisagem sonora ideal. Ela não pode deixar de ser buscada sob pena de que, se não recuperada, transformará a nossa paisagem em uma imagem desbotada e sem vida.

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